“Pronto, você assegurou-se finalmente que nunca será ecológico”, afirma Timothy Morton, entre as últimas palavras da publicação que dá nome a esta exposição. No entanto, é justamente aí que percebemos o caminho que o filósofo e crítico literário inglês nos sugere. Somos seres simbióticos entrelaçados em outros seres simbióticos. Nossa microbiota bacteriana está vibrando, estamos respirando o ar a nossa volta e a evolução silenciosa se desdobra pelos diversos planos que nos rodeiam. Não estivemos separados nem por um segundo de outros seres biológicos, tanto dentro quanto fora de nosso corpo. Sensivelmente, estamos em afinação com tudo que está acontecendo em nosso mundo. Fato é que nunca seremos ecológicos; isso porque simplesmente nós somos ecológicos. A certeza do nosso pertencimento nessa teia de interconexões sem centro nem contornos nos retira do papel ativo de nos tornarmos algo em um futuro próximo ou distante para o inevitável presente a que pertencemos. As maneiras de habitar esse espaço vigente e adquirir consciência do que de fato significamos é amplificada pelas produções artísticas de Esther Bonder, Hildebranda, Ricardo Cardim, Tamikuã Txihi e Walmor Corrêa na Carmo Johnson Projects.