Exposição apresentada em Lille, pela Tri Postal, por ocasião da Lille3000 / Utopia. Durante mais de vinte anos, a Fondation Cartier pour l’art contemporain desenvolveu um programa que explora as principais questões ambientais atuais. Com o tempo, seu acervo foi complementado com inúmeras obras que convidam o público a olhar para a beleza e a vulnerabilidade do mundo vivo sob uma nova luz. Reunindo mais de 250 obras, provenientes essencialmente desta coleção, a exposição Living Worlds propõese desafiar a nossa imaginação, questionando os limites do antropocentrismo, de forma a reinventar, com empatia e humildade, uma nova convivência possível na terra com plantas e animais. Ao contrário da tradição ocidental, Living Worlds encoraja-nos, ao olhar e ouvir, a considerar os não-humanos como nossos iguais num vasto mundo partilhado que pertence a todas as criaturas vivas.
A exposição baseia-se nas contribuições de uma comunidade de artistas e cientistas engajados numa busca estética e existencial, profundamente marcada pela beleza enigmática do mundo vivo. Estes incluem o músico e bioacústico americano Bernie Krause, o artista chinês Cai Guo Qiang, o plástico francês Fabrice Hyber, o cineasta armênio Artavazd Pelechian, o botânico francês Francis Hallé, o artista americano Tony Oursler e os cineastas franceses Claudine Nougaret e Raymond Depardon. As suas obras estão entre algumas das peças mais emblemáticas que compõem a Coleção Fondation Cartier e são fruto de vários anos de trabalho conjunto entre estes artistas e a instituição.
Living Worlds também é uma oportunidade para a Fondation Cartier desenvolver novas colaborações com artistas como Bruno Novelli e Solange Pessoa do Brasil. Além disso, o coração da exposição compreende uma notável coleção de obras de artistas ameríndios contemporâneos, exibidas em conjunto pela primeira vez na Europa. A sua experiência de uma relação de igualdade entre os seres vivos, tanto humanos como não-humanos, decorre de uma tradição imemorial, da qual temos muito a aprender neste tempo de crise ambiental. Muitos desses artistas são oriundos da Amazônia brasileira, como Jaider Esbell (Makuxi), Ehuana Yaira e Joseca (Yanomami), Bane, Isaka e Mana (Huni Kuin), mas também da Amazônia venezuelana, como Sheroanawe Hakihiiwe (Yanomami).
A exposição também reúne uma seleção de desenhos de artistas Nivaklé e Guarani residentes na floresta paraguaia do Gran Chaco, como Esteban e Angelica Klassen, Floriberta Fermin, Marcos Ortiz, Clemente Juliuz, Osvaldo Pitoe e Jorge Carema. Les Vivants é a continuação de uma série de exposições já realizadas na Fondation Cartier, explorando o lugar que o homem ocidental se apropriou no topo de uma suposta pirâmide de seres e povos vivos. Essas exposições incluem: Yanomami, Espírito da Floresta (2003), Terra Nativa, Stop Eject (2008), Histoires de voir: Show and Tell (2012), The Great Animal Orchestra (2016) e mais recentemente, Trees (2019) e Claudia Andujar, A Luta Yanomami (2020). Com curadoria do antropólogo Bruce Albert e do Diretor Geral da Fondation Cartier Hervé Chandès, esta exposição-manifesto fez parte da UTOPIA, a 6ª exposição do evento cultural lille3000.
