(…) No grande mural criado para a fachada do Pavilhão Central da La Biennale di Venezia, MAHKU pintou a história de kapewë pukeni (a ponte dos jacarés). O mito descreve a passagem entre os continentes asiático e americano pelo Estreito de Bering. Para atravessá-lo, os humanos encontraram um jacaré que se ofereceu para carregá-los em suas costas em troca de comida. No entanto, à medida que atravessavam, os animais se tornavam cada vez mais escassos e os humanos acabaram recorrendo à caça de um jacaré pequeno, traindo a confiança do grande, que se submergiu no mar. Assim se originou a separação entre pessoas e lugares diferentes. Esse mito ressalta o MAHKU e seus membros como produtores e produtos de passagens entre contextos e territórios distantes, conectando os aspectos visíveis de sua arte à natureza invisível de suas visões, por meio da associação e da transição entre as práticas tradicionais da aldeia e os parâmetros e convenções do mundo da arte.
Esta é a primeira vez que o trabalho do MAHKU é apresentado na Bienal de Arte.
- Guilherme Giufrida